A FORÇA TAREFA FOCADA NA SOBREVIVENCIA DO AMBIENTE DE NEGÓCIOS
Por Hélio Muniz e Eduardo Lapa
Nesse exato momento que escrevemos, o foco é debelar a pandemia e o governo, através do isolado Ministério da Saúde age concentradamente nessa direção. Vamos vencer com mais ou menos tempo. Nos parece que esta vitória dependerá muito do esforço concentrado e orquestrado de condução do país no campo sempre prioritário da SAÚDE e mais dos campos econômico e social. Vencer neste momento demandará união de forças distintas, que podem se complementar, em um processo movido por lideranças em todo país, agindo de forma ágil, distribuída, todavia, orquestrada e organizada.
Chamamos atenção então para fatores capitais neste processo de sobrevivência:
>> A visão de que o país já passou por crises econômicas e sociais severas, o mundo também passou por recessões globais, e de alguma forma existiram boas práticas e ficaram lições aprendidas
>> A necessidade de organização de núcleos, que atuem em força tarefa, que congreguem empresários, governo, academia, terceiro setor e outros stakeholders importantes no processo de planejamento da solução e implantação da mesma
>> A necessidade de ter um processo eficiente de inteligência onde possamos identificar as necessidades no campo econômico, no campo social e no campo da saúde. Ter um processo de inteligência onde através de lideranças, possamos construir um plano para endereçar as ações necessárias. Ter um processo de inteligência que monitore sistematicamente novas necessidades, bem como os resultados das ações implantadas
PASSAMOS POR OUTRAS CRISES
A crise gerada pelo HIV, há décadas atrás, matou mais de 30 milhões de pessoas. O Ebola, em 3 países, matou mais de 15 mil pessoas e devastou o PIB destes. Gripe Espanhola, Zikavirus, H1N1 e variações, todas são epidemias, e pandemias, que de alguma maneira devastaram economias. Os governos, sociedade, empresas, academia, se uniram e atravessamos por elas.
Já em agosto de 2016 (sim, ano de 2016 mesmo), o jornal El País, já divulgava matéria intitulada “QUAL SERIA O CUSTO DE UMA PANDEMIA MUNDIAL”. Nesta matéria, analisaram os impactos econômicos gerados por Ebola, SARS, MERS, Marburg, Febre hemorrágica da Crimeia-Congo, Febre de Lassa, Febre do Vale de Rift, Vírus Nipah, Chikungunya e H1N1. Na matéria, Tony Barnett, especialista da London School de Higiene e Medicina Tropical e pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia estimavam que 35 bilhões de dólares ao produto interno bruto norte-americano seria o custo da pandemia.
Corroboram com este estudo, a ONG Wellcome Trust, que também estima que, se até 2050 não forem tomadas medidas contra a resistência dessas doenças, serão perdidos 100 bilhões de dólares em produtividade e 10 milhões de vidas por ano, ao redor do mundo, somando-se a doenças que aparentemente estão controladas, mas continuam matando.
No campo econômico, vivemos um momento onde instituições financeiras e think tanks já projetam PIB sem crescimento ou com decréscimo. Estudo da área macroeconômica do Itau já aponta queda do PIB mundial, em 0,4%, e na América Latina, queda para 2,2%. Bradesco e Santander apontam retração do PIB em até 6%, e a cada dia que passa, as projeções vão sendo mais alarmadas.
Claro que nesta crise, os cenários são incertos por apontarem para necessidade de lockdown de forma global para contenção do vírus. Temos uma crise de demanda e de oferta simultânea. Ela nos pegou num momento que a economia já tinha problemas de câmbio com aparente descontrole. No campo político, a demora na aprovação de reformas importantes e tudo isso somado, levam a projeções críticas.
Alguma considerável redução de PIB, o câmbio mantido acima dos 4,20 reais por dólar, alguma piora na estimativa de déficit primário, reduções de taxa de juros e outras coisas. Ao mesmo já passamos por crises globais, como crash de bolsa, crise do petróleo, impeachment e crise do apagão no Brasil, Plano Collor, Crise de 2008 com as questões de subprime, entre outras. De todas elas, saímos, atravessamos.
O ponto crucial, é que até hoje, as medidas que vimos no campo econômico, não são suficientes para que o país sustente a travessia por esta crise. Precisamos agir de forma coordenada.
A reestruturação do ambiente de negócios
Também nesse exato momento, as forças que podem agir parecem dispersas ATÔNITAS. Para segmentos como SERVIÇOS, um dos que mais emprega no Brasil, a eminente quebra das empresas e problemas de solvência são latentes.
Para o conjunto de micro e pequenas empresas, que compõem relevante parcela da economia brasileira, a dificuldade de sobrevivência é eminente. A boa notícia é que também existe solução – se sairmos da dispersão para o foco.
Reunir desde já as principais forças empreendedoras do Brasil, na mais importante força tarefa desse país é o caminho que detecta impactos e implementa as soluções.
Temos que sair da crise preparados para a luta de reestruturação do brasil e não com uma mão na frente e outra atrás.
Unir estes empresários às forças do governo que lutam, nitidamente, para gerar menos impacto possível para o país.
Trazer para perto as soluções que partem da academia, com possibilidades de atuação regional, mas com soluções que reflitam um pensamento em conjunto. Respaldado por estudos, com pesquisadores trabalhando.
Unir o terceiro setor, que, localmente, tem a possibilidade de agir com movimentos de ajuda, movimentos sociais, movimentos de fomento às economias locais. Unir a sociedade em prol de um caminho de sacrifício hoje para a recuperação e retomada amanhã.
Em recente evento online organizado por uma grande empresa do setor financeiro, congregou empresários relevantes para a economia brasileira, que poderiam vir a compor uma força tarefa importante. Nela, se pudéssemos resumir, há uma pedido quase unânime de ação incisiva, prática e rápida do governo para itens de curto prazo, como pagamento da folha de pagamentos, que vai ser o grande drama daqui pra frente, principalmente para o pequeno empresário, que é responsável por 72% dos empregos no país. Junto com isso, política forte de afrouxamento tributário fiscal, políticas de incentivo à micro e pequena empresa, políticas de fomento à economia local e informal e combate ao desemprego.
Sebastião Bonfim, da Centauro, aponta para o olhar de que há uma relação direta entre a severa medida restritiva, e os impactos na economia. Com todas as lojas fechadas, a empresa já sente aflição no que tange à sustentabilidade dos postos de trabalho. Alexandre Birman, da Arezzo, corrobora e acrescenta que o governo poderia ter medida de financiamento para pagamento da folha de pagamento do pequeno empresário, evitando demissões em massa.
Para Rafael Sales, da Aliansce, e Carlos Jereissati Filho, do Iguatemi, existem dois dramas, a saúde pública e o drama humano de quem não está contaminado e vai sofrer tanto ou mais do que quem está. Essa crise parece mais difícil do que a de 2008, porque não é focada em um setor específico. Essa crise terá consequências severas em diversas indústrias. E por fim, as empresas e pessoas, precisam de liquidez nesse momento.
Armínio Fraga, em recente artigo que reforçou sua entrevista ao Programa Roda Viva, trouxe com clareza os fatos de que 30 ou 60 dias podem ser fatais para grande parte dos pequenos negócios no Brasil. Ressalta ainda que o governo está tendo dificuldades e agindo timidamente. Ele reforça que todos precisarão de liquidez agora, é uma crise com prazo de validade, mas é necessário medidas rápidas.
Luiza Helena Trajano, em entrevista ao Valor Econômico, no dia 23 de março de 2020, afirma que, dependendo do tempo da quarentena, empresas vão desaparecer, e que este risco afeta especialmente as micro, pequenas e médias empresas, enquanto muitas grandes terão que fazer movimentos de demissão e quebras de contratos.
Pedro Malan, Jorge Paulo Leman, Luiza Trajano, Armínio Fraga entre outros podem mobilizar seus pares e staff mais próximo para a construção de soluções.
Empresários e intelectuais como Pedro Malan, Jorge Paulo Leman, Arminio Fraga, Luiza Trajano, Beto Sicupira e outros poderiam unir-se a equipe econômica e mobilizariam seus pares e staff mais próximo. Como uma rede neural com processos simples e canais altamente lubrificados, a cabeça aciona o corpo e vice versa. O corpo pode compostos de líderes setoriais e líderes de frentes, tais como setor de serviços, Henrique Braun, da Coca Cola, Luiza Helena, da Magazine Luiza, no setor de alimentação fast food, Antonio Moreira Leite, do Grupo Trigo. Do segmento de seguros, presidentes de seguradoras relevantes para o Brasil e outros tão relevantes executivos de empresas de primeira linha.
O governo. Este aceitaria a força tarefa como um braço ad hoc de recuperação do ambiente de negócios Brasil, trabalhando como um facilitador para que as soluções se concretizem.
Em paralelo, a determinação de um processo de inteligência que irá nutrir esta força tarefa com lições aprendidas das outras crises, boas práticas no Brasil e no mundo para lidar com esta pandemia. Monitoramento dos resultados das ações implementadas e oxigenação de comunicação entre a sociedade e estado.
Leitura omyeressante. Valeria a pena citarem o impacto no segmento de varejo.
Oi Luciana. Obrigado pela indicação. A Cielo já está publicando algumas coisas bacanas sobre o varejo. Abs